Foi 'à la Stephanie Gilmore' que Rachael Tilly revalidou o título de campeã mundial de longboard em El Salvador, numa performance que fica para a história da modalidade.
Na finalíssima disputada na última quinta-feira no consistente point break de El Sunzal, que pelo terceiro ano consecutivo acolheu o decisivo evento, a competidora californiana protagonizou um verdadeiro conto de fadas com contornos épicos. Isto porque num só dia teve de vencer seis baterias (!) de enfiada, sendo que pelo meio a eliminação pairou sobre si mais do que uma vez, salvando-se com reviravoltas incríveis nos derradeiros instantes das contendas.
No evento que reuniu o top 8 do ranking após a temporada regular, Rachael Tilly chegou a El Salvador longe do topo, situando-se no sétimo posto da hierarquia. Um cenário bem diferente do verificado em 2024, onde iniciou a participação como número 2 mundial. Aí "só" teve de surfar três heats.
Desta vez, Tilly viu-se obrigada a derrotar todas as longboarders presentes até celebrar a conquista do terceiro título mundial da World Surf League (WSL), o segundo consecutivo. Rachael replicou a empreitada que a lendária Stephanie Gilmore levou a cabo na finalíssima de Trestles em 2022, onde também levou a melhor diante de toda a oposição até alcançar o histórico oitavo cetro mundial.
Ninguém encontrou antídoto para contrariar as performances da imparável Tilly nas longas direitas de El Sunzal, que mostraram bastante potencial para as caminhadas sobre o pranchão.
Logo no primeiro heat, a longboarder de San Clemente evitou a eliminação de primeira com uma onda já surfada dentro do último minuto, que permitiu derrotar a havaiana Kelis Kaleopaa e a australiana Tully White. Só soube do resultado final já em terra. Estava dado o tónico para um dia extenuante, mas no qual o psicológico saiu fortalecido a cada obstáculo ultrapassado pela norte-americana de 27 anos.
Depois, seguiu-se nova vitória bem apertada no segundo embate, superando a japonesa Hiroka Yoshikawa por apenas 0,31 pts, num heat em que a brasileira Chloe Calmon também ficou pelo caminho.
Chegada à fase 'woman-on-woman', Rachael Tilly suplantou as ex-campeãs mundiais Honolua Blomfield e Soleil Errico, que curiosamente igualou no número de títulos.
As duas baterias foram muito disputadas, sendo que a vitória diante de Soleil Errico foi conseguida com nova reviravolta épica no último suspiro. Mais uma vez, Tilly só soube do desfecho já em terra, não escondendo a felicidade e o alívio por continuar em prova. Foram 0,43 pts que separaram estas duas grandes senhoras do longboard mundial, naquele que foi o derradeiro 'boost' motivacional para o que faltava executar.
O derradeiro obstáculo foi a jovem compatriota Avalon Gall, de 22 anos, que de forma surpreendente chegou à grande decisão na posse da licra amarela. No primeiro duelo entre as conterrâneas, que caso Avalon vencesse selava de imediato a conquista de um inédito título, Rachael Tilly obteve a vitória mais folgada nas seis baterias que disputou. Somou 15,20 pts contra os 12,44 pts da adversária.
Na repetição do confronto, houve maior equilíbrio, mas verificou-se o mesmo desfecho. Com 13,50 pts face aos 12,54 pts amealhados por Avalon Gall, Rachel Tilly completou a missão, que faz suscitar o velho debate sobre a justiça deste modo de atribuição do título mundial. No CT, o formato de finalíssima foi abolido para 2026, pelo que é de esperar que o mesmo também aconteça com o circuito mundial de longboard.
"É surreal. Trabalhei muito para isto. Comecei o dia sem expectativas. Nunca pensei que fosse possível. Amo El Salvador e El Sunzal", disse a longboarder que já este ano tinha festejado nesta mesma latitude a conquista do título mundial ISA. Não há mesmo como não amar o binómio El Salvador/El Sunzal.
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