O relógio marcava 4h57 (hora de Portugal continental) da madrugada desta terça-feira quando aterrou no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, o avião que transportava a primeira surfista portuguesa a conseguir a qualificação para o CT.
"É muito especial. Ainda não consigo meter isso cabeça", revela Yolanda Hopkins. Na sua bagagem proveniente do país irmão, além da qualificação e do quiver com que fez história nas ondas do 'Maracanã do Surf', também veio o troféu respeitante à conquista do Saquarema Pro, bem como a liderança do ranking feminino do circuito Challenger Series.
"Para dizer a verdade, acho que agora ao voltar para casa é que vou ter as emoções à pele. Foi uma semana incrível. Acho que as últimas duas semanas foram as mais emocionais da minha vida", confidenciou Yo-Yo aos jornalistas presentes no aeroporto.
A histórica qualificação foi alcançada na Praia de Itaúna. É precisamente o mesmo local em que há um ano Yolanda ficou a um heat de entrar na elite mundial. Não foi possível, mas nesse Saquarema Pro, Hopkins deu o clique que necessitava para hoje dizer que é top mundial, depois de vários anos em busca desse objetivo.
"Talvez não entrei porque não estava pronta mentalmente para dar aquele passo para a frente. O surf é igual. Chegamos a um nível em que todas surfam bem. A diferença é como a cabeça gere o stress e como gerimos os heats. Acho que a maturidade de estratégia de heats mudou desde ano passado", analisou a vice-campeã mundial ISA.
"Muitas pessoas chegam tão perto, não conseguem atingir o objetivo e ficam um bocado tristes com a performance. Para mim é um bocado ao contrário. Saí de lá ainda com mais força e fogo na barriga", explicou.
Toda essa força refletiu-se na abordagem à presente temporada da Challenger Series, com uma campanha marcada pela consistência à prova de bala. Em cinco etapas, alcançou sempre pelo menos os quartos-de-final.
"Senti muita confiança que ia chegar lá. No início deste ano já estava bastante confiante com os resultados consistentes que tinha estado a ter", disse a atleta duas vezes olímpica.
A antiga bicampeã europeia da World Surf League (WSL) está "bastante confiante" que irá fazer "estragos" na divisão máxima do surf mundial. "O meu surf foi feito para o CT", garante.
Porém, antes há mais um troféu que pretende "meter na prateleira" lá de casa. A surfista algarvia quer proclamar-se campeã da Challenger Series. "Já que estou em primeiro também quero ganhar."
Este é um circuito que Yolanda considera "mais difícil" do que o próprio CT, pois há "muito mais atletas e mais fome".
Para trás, estão definitavamente tempos mais difíceis, onde chegou a pensar "uma ou duas vezes" desistir do surf de competição. Porém, houve uma figura que foi o pilar de tudo, o treinador britânico John Tranter. Mais do que um técnico, John tem assumido a "figura pai" para a futura rookie no CT, fundamentalmente desde o desaparecimento do pai biológico há dois anos.
"Tinha sempre o meu treinador a acreditar em mim, bem como as pessoas que estão atrás de mim. Isso deu-me um boost extra e fez-me acreditar em mim novamente."
Atualmente com 27 anos de idade, Yolanda Hopkins repete que se sente como tivesse "14 anos". Nesse sentido, a recompensa que vai dar a si própria não deixa de ser curiosa. "Disse ao meu treinador que vou comprar um Lego gigante para passar um bocadinho o tempo. Sou uma criança ainda."
De volta a casa, onde passa muito pouco tempo durante o ano, a campeã nacional Open em 2019 revelou que agora tem compromissos com os patrocínios, surfar e visitar a família, que já não vê há "muito tempo".
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