No segundo dia do período de espera do Tahiti Pro, as senhoras reinaram nas esquerdas tubulares de Teahupoo.
Face aos últimos dias, o mar perdeu intensidade e consequentemente tamanho, mas continuou a oferecer boas oportunidades, ainda que num natural registo mais lento.
Com condições divertidas no palco da prova das Olimpíadas de Paris'2024, a World Surf League (WSL) encontrou a janela de oportunidade ideal para realizar praticamente toda a competição feminina.
Houve quem que surfasse quatro baterias, o que equivalente a mais de duas horas com a licra vestida. Só a final ficou por colocar na água. Fica para a próxima semana.
Chamadas a exibirem toda a sua técnica tubular, numa das ondas mais temidas do globo, as senhoras estiveram à altura do desafio que tiveram pela frente. Foi bem visível a felicidade no rosto de algumas surfistas quando completavam tubos espetaculares, quase como se sentissem a quebrar barreiras. Ficou-nos na retina a felicidade emanada pela havaiana Gabriela Bryan, cuja grande valência do seu surf é outro atributo: as poderosas rasgadas.
Na última sexta-feira, ficou decidido quem serão as cinco surfistas que, no final do mês, discutirão o título mundial numa outra esquerda tubular, no caso Cloudbreak (Fiji). Será a última WSL Finals, pois o CT recupera no próximo ano a fórmula 'pontos corridos', que imperou até 2019.
A Molly Picklum, Gabriela Bryan e à campeã mundial Caitlin Simmers, que tiraram bilhete de forma antecipada, juntaram-se a havaiana Bettylou Sakura Johnson (estreia-se na decisão final) e a campeã olímpica Caroline Marks.
Na latitude em que há um ano arrecadou o ouro olímpico e também conquistou o Tahiti Pro de 2023, a ex-campeã mundial voltou a ser feliz. Caroline protagonizou a maior reviravolta do dia. Tudo porque aterrou no Taiti fora do top 5 do ranking e com o decurso do campeonato saltou para dentro da zona de acesso à WSL Finals. Isto em detrimento da australiana Isabella Nichols, a campeã do histórico Rip Curl Pro Bells Beach.
A realizar uma temporada pautada pela inconsistência - venceu em Peniche - Caroline Marks despertou nesta reta final e foi recompensada. Pulou do sexto para o quarto posto da hierarquia.
A bem-sucedida campanha em Teahupoo só foi travada pela australiana Molly Picklum, que durante o dia assegurou que vai surfar em Cloudbreak na mais privilegiada das posições. Isto é, de licra amarela. Com a mudança de formato implementada recentemente pela WSL, 'Pickles' está apenas a uma bateria de sagrar-se campeã do mundo pela primeira vez.
Molly, que disparou notas de excelência nas investidas por Teahupoo, é a responsável pelo facto de que teremos uma vencedora inédita do Tahiti Pro. Numa só tacada, a surfista de 22 anos eliminou as duas últimas vencedoras: a temida local Vahine Fierro e Caroline Marks.
Na final, Molly Picklum tem encontro marcado com a campeã mundial Caitlin Simmers, que está de volta à sua melhor versão após recentes desempenhos mais discretos.
Mais do que a reedição da memorável final do Pipe Pro de 2024, provavelmente poderemos estar a assistir a uma antevisão do que será o derradeiro embate da WSL Finals em Cloudbreak.
O dia na Polinésia Francesa ficou ainda inevitavelmente marcado pela aparição de Kelia Gallina. Aos 12 anos, esta menina taitiana fez história ao tornar-se na mais jovem de sempre a participar numa etapa do CT.
Kelia ganhou direito a competir no lineup em que está a ser criada após a surpreendente vitória nos trials. Foi afastada na repescagem, mas o resultado é o que menos importa para este destemida grom. A experiência que viveu e guardará eternamente no seu coração é a grande vitória. A melhor das prendas de aniversário para quem celebra 13 aninhos de existência este domingo.
Ah e no meio de horas a fio com o surf feminino a desbravar Teahupoo, a verdade é que a jornada começou com uma passagem relâmpago da prova masculina. Realizou-se a bateria da repescagem que tinha ficado pendurada na véspera. O norte-americano Jake Marshall eliminou o rookie australiano Joel Vaughan.
Depois de dois dias de competição consecutivos, o Tahiti Pro não terá ação durante o fim de semana. Foi embora o swell épico que marcou esta semana.
A próxima chamada acontece apenas às 17h30 (hora de Portugal continental) de segunda-feira. Porém, atendendo à atual previsão, a prova não deverá ser retomada. Apenas a partir de terça-feira é que tal deverá acontecer, com a entrada de um novo swell na famosa bancada taitiana. Recorde-se que o período de espera termina no dia 16 de agosto.
Resultados ronda 1 feminina:
HEAT 1: Erin Brooks (CAN) 13.67 DEF. Isabella Nichols (AUS) 3.77, Bettylou Sakura Johnson (HAW) 3.53
HEAT 2: Molly Picklum (AUS) 16.90 DEF. Kelia Gallina (PYF) 3.43, Lakey Peterson (USA) 1.97
HEAT 3: Tyler Wright (AUS) 12.76 DEF. Vahine Fierro (FRA) 11.66, Gabriela Bryan (HAW) 5.23
HEAT 4: Caitlin Simmers (USA) 12.84 DEF. Caroline Marks (USA) 8.70, Luana Silva (BRA) 1.47
Resultado repescagem feminina:
HEAT 1: Gabriela Bryan (HAW) 8.33 DEF. Kelia Gallina (PYF) 3.90
HEAT 2: Bettylou Sakura Johnson (HAW) 13.16 DEF. Luana Silva (BRA) 2.00
HEAT 3: Vahine Fierro (FRA) 16.67 DEF. Isabella Nichols (AUS) 9.17
HEAT 4: Caroline Marks (USA) 8.67 DEF. Lakey Peterson (USA) 8.50
Resultados quartos-de-final femininos:
HEAT 1: Gabriela Bryan (HAW) 16.04 DEF. Erin Brooks (CAN) 15.16
HEAT 2: Caitlin Simmers (USA) 15.60 DEF. Tyler Wright (AUS) 9.83
HEAT 3: Molly Picklum (AUS) 13.10 DEF. Vahine Fierro (FRA) 9.67
HEAT 4: Caroline Marks (USA) 13.00 DEF. Bettylou Sakura Johnson (HAW) 9.93
Resultados meias-finais femininas:
HEAT 1: Caitlin Simmers (USA) 14.57 DEF. Gabriela Bryan (HAW) 11.60
HEAT 2: Molly Picklum (AUS) 9.73 DEF. Caroline Marks (USA) 9.33
Final feminina:
HEAT 1: Caitlin Simmers (USA) vs. Molly Picklum (AUS)
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